A importância do conhecimento dos fundamentos na Dança

18 de fevereiro de 2015

Feliz 2015 a todos!

É com enorme prazer que inicio este auspicioso ano inaugurando a minha própria coluna neste incrível veículo. Espero que este portal possa, cada vez mais, aproximar a comunidade de Dança do Brasil e da América do Sul, sobretudo os que anseiam conhecer mais profundamente o fascinante universo da Dança Moderna.

Nesses anos de magistério, em especial ao longo da última década, em que me especializei no ensino e difusão das técnicas de Dança Moderna no Brasil, os questionamentos dos meus alunos sempre me motivaram e me conduziram no meu caminho de aprofundamento desse tema. Mas dentre tantos questionamentos, talvez o mais importante para mim e para o sentido do meu trabalho sempre tenha sido: “Por que aprender Dança Moderna, se estamos no século 21 e já temos a Dança Contemporânea?”

Para nortear essa questão, é necessário que se faça um breve retrospecto do que vem a ser a Dança Moderna em si. O que se conhece por Dança Moderna é um conjunto de técnicas desenvolvidas a partir do final do século 19 e, em especial, durante as primeiras décadas do século 20, num movimento concomitante ao que ocorria em várias searas da Arte e da sociedade como um todo. A Dança é uma das formas de Arte mais contundentes e expressivas da humanidade. A Dança existe antes mesmo da estruturação das linguagens e dos idiomas. É uma necessidade expressiva atávica oriunda dos mais longínquos ancestrais. É, portanto, um dos veículos que retratam com mais fidelidade a essência dos seres humanos. Como veremos adiante, muitas vezes revelam aspectos não verbalizados ou mesmo obscuros e/ou não conscientes dos mesmos… Nada mais natural que a grande inquietação que permeava aquele momento histórico, que foi classificado como “movimentos de vanguarda”, influenciasse de forma marcante e contribuísse para reconfigurar novos rumos ao fazer em Dança.

Outro aspecto bastante importante de se ressaltar é o determinismo histórico na acepção do termo. O que para nós, do século 21, é considerado como “Modernismo”, no momento histórico em que se sucedia, era chamado de “Contemporaneidade”, visto que a etimologia deste termo denota algo que está sendo realizado no momento presente. Ou seja, o que hoje é considerado “Dança Moderna”, já foi, no passado, a “Dança Contemporânea”.

E como surgiram as técnicas de Dança Moderna? Mais uma vez, gosto de recorrer à etimologia das palavras. Aliás, sempre foi a aula inicial dos meus cursos teóricos – a já conhecida pelos meus alunos como “Aula do dicionário”. Sobretudo nos dias atuais, em que testemunhamos muitas vezes o uso indevido e equivocado das palavras, o retorno aos fundamentos – seja em que aspecto for, linguístico ou corporal – faz-se absolutamente imprescindível e necessário para o encaminhamento lógico e congruente dos pensamentos e ações. Como um movimento expressivo se perpetua em técnica? Tudo começa com o sempre mencionado “conceito”. O que vem a ser um conceito? O termo “conceito” tem origem no Latim “conceptus” (do verbo concipere) que significa “coisa concebida” ou “formada na mente”. Portanto conceito é algo ainda não materializado. E como se dá o processo criativo? Geralmente ocorre através de experimentações, que são motivadas por uma ideia – ou um conceito – e respaldadas por estruturas pré-existentes, formais ou não. E isso é muito importante que se frise. Eu diria que é quase impossível experimentar sem qualquer base. Seja para reforçá-la ou contradizê-la, uma estrutura de base é o ponto de partida para qualquer experimentação, em qualquer campo.

Não percam a continuação deste artigo na próxima semana!






Andrea Raw
Bailarina, Professora, Coreógrafa e Pesquisadora em Dança. Dançou extensivamente em festivais por todo o país. Graduou-se no Bacharelado em Artes Cênicas pela UNIRIO e em Docência dos Ensinos Fundamental, Médio e Superior pela UCAM. Começou a lecionar em 1992, destacando-se no ensino da Dança Moderna no Ballet Stagium, em São Paulo, Petite Danse, Escola Marta Bastos e Centro de Movimento Deborah Colker, no Rio e no MMS em Budapest, na Hungria. Formada pela Martha Graham School em NY, foi idealizadora e produtora dos Workshops de Técnica e Repertório de Martha Graham no Centro Coreográfico do RJ em 2009 e 2010, além de Workshops com David Parsons em 2010 e Ana Marie Forsythe, da Ailey School em 2011 e 2012. Idealizadora, Produtora e Diretora Artística do Congresso Brasileiro de Dança Moderna, realizado anualmente a partir de 2011.

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5 Comentários

em 18 de February de 2015

Muito bem escrito o artigo. Linguagem simples e direta com informações importantes e esclarecedoras. Orgulho de ser sua aluna.

    em 19 de February de 2015

    Muito obrigada, Joice!
    Continue ligada e não perca os próximos artigos!
    Um grande abraço,
    Andrea

em 20 de July de 2016

Estou gostando demais dos artigos aqui no blog,
sendo de grande ajuda nos meus estudos e busca por mais conhecimento.

Grande abraço!

em 27 de July de 2016

Muito enriquecedor, clareza nas informações, gostei muito. Faço ballet clássico e sou apaixonada por dança moderna.
Sucesso em seu trabalho.

em 10 de May de 2018

Como é difícil encontrar conteúdo bem escrito sobre dança. Este e os outros artigos são um alento!
Parabéns!



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