Pensa numa escola de dança que ensina movimentos de ballet, mas também dança livre, danças orientais e yoga, todas com os pés descalços. Legal, né? Agora pensa que essa escola é do início do século passado, construída em 1915. Pois é, assim, totalmente vanguardista, era a Denishawn. Não conseguiu associar o nome? Essa foi a primeira escola que Martha Graham frequentou e trabalhou como bailarina, e cuja apresentação assistida fez Martha se apaixonar por essa arte.
O nome Denishawn vem da fusão do nome de Ruth Sant Denis e de seu marido Ted Shawn, e foi responsável por ajudar muitos bailarinos a aperfeiçoar seus talentos de dança. A união dessas duas personalidades resultou na criação dessa escola de dança e artes, que se tornou um ícone mundial da dança moderna por mais de dez anos. Não foi à toa que Martha Graham, ainda novinha (como já falamos nesse post aqui), ao ver uma apresentação deles, se encantou e quis fazer aulas de dança lá. O local era a segunda casa de Martha, onde ela passava o dia, estudando e, posteriormente, trabalhando.
A escola foi crescendo em prestígio e prosperidade e ao longo do tempo se enriqueceu de elementos da escola alemã e da rítimica de Dalcroze. As aulas ensinadas na Denishawn não eram confinadas apenas às técnicas de ballet, mas também a danças de várias partes do mundo, o que incluía danças orientais, danças espanholas, danças indianas.
Além disso, também haviam aulas de iluminação para palco, maquiagem, gestual dramático, design de figurino. Aos estudantes também era exigido ir para palestras sobre teoria e história da dança. A mansão situada no alto de uma colina em Los Angeles era composta por 2 espaços para as aulas:um estúdio interior e um salão de baile ao ar livre. O estúdio indoor, onde St. Denis primeiramente ensinou e o salão outdoor, para yoga e meditação e várias aulas de Shawn , como ballet, e a chamada Denishawn technique.
A escola possuía uma ideia inovadora de que a dança tinha uma ligação direta com a religião. Assim, Ruth se interessava pelos aspectos espirituais, trabalhando misticismo e exotismo dentro da dança e Ted, que estudou teologia e terapia física, se interessava pelas inúmeras danças espalhadas pelo mundo. Todas as manhãs eram aplicadas aulas de técnica, caracterizadas primeiramente por alongamentos e exercícios de ballet ensinados por Ted e em um segundo momento, Ruth aplicava técnica das danças orientais e de yoga. Na maior parte do tempo, os alunos executavam as aulas com os pés descalços. Devido à riqueza e peculiaridades particulares das movimentações das aulas, além de um excelente nível profissional, a maioria desses trabalhos de classe eram aproveitados para futuros espetáculos da escola.
Como eram as aulas? Elas eram iniciadas na barra com um alongamento típico,seguido por sequências de movimentos do ballet como, relevés lentos em arabesque, fouettes, rondes jambes, entrechats entre outros. Após, eram dados alguns port de brás e outras progressões dessas movimentações, ainda com foco no ballet. Em determinado momento, os alunos, individualmente mostrava seus pas de basques, em todas as aulas acontecia esse momento. No final das aulas, os alunos realizavam o “arms and body”, ou seja, “braços e corpo”, que eram movimentos livres.
Gostaram? Naquela época, quem não queria ter estudado na Denishawn?!
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